ENTRANDO NA DANÇA QUEER REALIZA AS GRAVAÇÕES NO CENTRO E ZONA NORTE DO RIO

ENTRANDO NA DANÇA QUEER REALIZA AS GRAVAÇÕES NO CENTRO E ZONA NORTE DO RIO

No último fim de semana tiveram início as gravações da obra que está sendo criada na residência artística do Entrando na Dança Queer. A primeira etapa das gravações que aconteceram em diversos espaços públicos do Rio de Janeiro, se dedicou a levantar materiais para a construção do que a diretora artística da obra chama de interlúdios. Na sexta-feira (12), as gravações se concentraram nas imediações do MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, reduto conhecido da cena ballroom carioca. A escolha dos espaços externos do museu como locação para gravação está diretamente relacionada a suas possibilidades e amplitude arquitetônica, que funcionam como um convite para a ocupação e o encontro de artistas e performers independentes. O uso do espaço pela comunidade ballroom é tão comum que durante as gravações foi possível uma integração entre a equipe do Entrando na Dança e outras pessoas da cena que utilizavam o MAM para realização de encontros, treinos e ensaios. Não somente a relação com o concreto e arquitetura moderna foi posta em questão, a direção artística também usou da baía de Guanabara como cenário, colocando em contraste a paisagem, os corpos e as roupas de cada performer. Já no sábado (14) as gravações foram realizadas na zona norte do Rio de Janeiro. Pela manhã as gravações tomaram conta da Arena Dicró, na Penha, um importante equipamento cultural da cidade e para a história do Entrando na Dança: neste mesmo espaço no ano de 2014 foi criado Suave, obra dirigida por Alice Ripoll, inspirada no passinho carioca.  As filmagens externas ainda continuaram na Basílica da Penha, onde foram tomadas a tradicional escadaria e uma vista panorâmica de regiões da zona norte. Outro território que é uma plataforma de circulação da cena ballroom no município do Rio, campus da UFRJ localizado na Ilha do Fundão, também emprestou seus horizontes para as filmagens. A combinação entre um ambiente disponível para a questão da investigação de si; um espaço ainda que precário, funcional; e a multiplicidade de estudantes, principalmente nos cursos de Graduação em Dança, possibilitou que Cidade Universitária tenha se tornado ponto de convergência de um número expressivo de agentes da cena ballroom. O deslocamento das performatividades pretas, travestigêneres pela cidade é certamente sempre um movimento crítico. Essas subjetividades colocam em cheque alguns espaços tradicionais e as gravações nem sempre são possíveis sem alguma autorização divina. Quando Blackyva, na posição diretora da obra da edição Queer, elege a territorialidade como questão de destaque para os primeiros dias de gravação, reafirma que a relação dos corpos no território é uma preocupação do Entrando na Dança desde sua criação.